domingo, 29 de novembro de 2009

TEMPOS DE APAGÃO

TEMPOS DE APAGÕES
Radinho de pilha
Sempre adorei rádio. Principalmente depois desses apagões por ai, lembra minha infância no interior sem luz elétrica ( acho que por isso que tenho trauma de APAGOES) mesmo que a AM não pegasse direito no interior do rio de janeiro, onde nasci e fui criado. Mesmo em meio a chiados, ouvia jogos e mais jogos por meio da "caixa mágica". Pode até parecer uma época imemorial mas, até bem pouco tempo atrás, a televisão era apenas um sonho para a maioria das famílias de todo mundo que não cultivassem um patamar financeiro mais risonho. Entre as décadas de 40 e 50, o rádio era o meio de difusão mais popular entre todas as classes sociais nos mais diversos países e um dos meios de entretenimento mais famosos e hipnotizantes que ofereciam eram as radionovelas. Descobrindo sobre a ditadura militar que ocorria no pais.



Mantendo este hábito que carrego há anos, estava eu precisando de um radinho novo para ouvir, pois com o apagão, meu telefone celular ipod ( com televisão) acabou a bateria). Decidi comprar um Radinho de pilha no Centro do rio de janeiro. Fui ao centro da cidade, entrei em todas, literalmente, todas as lojas de eletroeletrônicos da rua. Mas não foi fácil realizar a compra. Pedir por um radinho de pilha, atualmente, era como se eu dissesse ao vendedor: "Por favor, eu queria um disco voador...". Ouvi as mais diversas coisas, das quais muitas me deixavam incomodada, irritada. Gente, eu só quero um rádio de pilha! Das coisas que ouvia dos vendedores, eis algumas pérolas:



- Rádio de pilha? Qual, daqueles pequenos? Não, nós não recebemos mais daqueles...
- Ah tá, obrigado!

- Rádio de pilha? Olha, eu tenho esse que toca cd, é portátil, vende bem...

- Não, eu queria de pilha mesmo, pequeno, apenas com AM e FM.

- Não, desse não vendemos mais.

- Rádio de pilha? Tenho MP3, MP4, porque você num compra um desses?

- Eu queria radinho de pilha, com AM e FM sabe...

- Ah não é pra você, é pra presente...Desses eu não tenho mais, nem recebo.

- É pra mim mesmo, mas eu queria assim. Obrigado!



- Rádio de pilha? É pra você mesmo? Porque você não compra um MP3, salva músicas, dá pra ouvir na rua, no ônibus...

- (Pensando comigo mesmo: Eu sei o que é um MP3 minha filha, eu tenho um, mas não foi o que pedi...)Sim é pra mim... é pra ouvir futebol, preciso que pegue AM.

- Ouvir futebol? Você quer um rádio pra você ouvir futebol? (risos irônicos da moça)

- (Eu mantendo a classe e educação, pois eu sou PHINO) Isso, mas MP3 não serve. (Viro as costas e saio andando)

Sei que coisas como estas estão ficando ultrapassadas no mundo loucamente moderno, mas um radinho de pilha, daqueles com um fiozinho para segurar na mão quando se vai ao campo ver o jogo, para aproximá-lo do ouvido, que pegue basicamente AM e FM com uma anteninha, é pedir demais? Sim, eles estão em extinção. Algo tão folclórico, clássico, emblemático do futebol e do torcedor está acabando. Depois da saga, encontrei um sobrevivente a onda moderna de "MP coisas". Não consegui comprar o radinho de pilha para mim, para ouvir AM e para ouvir futebol. Ah!, nada como ouvir o grito de gol através da caixinha mágica...

IRONIA DO DESTINO

IRONIA DO DESTINO
IRONIA DO DESTINO
Morre, aos 63 anos, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta

***

Responda depressa: qual o melhor comentário sobre a notícia acima?





a) Se você duvidava da ironia do destino, Celso Pitta morreu no Dia da Consciência Negra.

b) Por conta do falecimento, o Dia da Consciência Negra passa a acumular as comemorações pelo Dia da Consciência Pesada.

c) Maluf está tenso. Semana que vem é o Dia da Consciência Branca, Careca e Que Fala “Estupra mas não mata!”.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Dia de reis

Hoje é Dia de Reis. Você sabe o que é isso?
Reis Magos, santos esquecidos dentro das tradições do Natal
Das figuras bíblicas mais intimamente ligadas à tradição religiosa do povo destacam-se os Reis Magos, ou melhor, os Santos Reis .As referências bíblicas são vagas e o episódio quase passa despercebido dos evangelistas, mas as contribuições da tradição patriática são muitas e, como elas têm força de fé e verdade, nelas devemos buscar grande parte das coisas que se contam dos santos Belchior, Gaspar e Baltazar já referidos pelos profetas do Velho Testamento, que vaticinavam a homenagem dos Reis ao humilde filho de Davi que deveria nascer em Belém.De onde vieram e o que buscavam, pouca gente sabe. Reconhecido como Baltazar, rei da Arábia de cor negra o mago negro talvez viesse de Arábica . Melchior, rei da Pérsia de cor clara e Gaspar, rei da Índia de cor amarela. Simbolizam também as três unicas raças bíblicas, representam os povos de toda cor e nação. Reza a lenda que os Reis era negro africano, o outro branco europeu e o terceiro moreno (assírio ou persa), representando a humanidade conhecida da época. Uma homenagem, pois, de todos os homens da Terra ao Rei dos Reis
Eram magos, isto é, astrólogos e não feiticeiros. Naquele tempo a palavra mago tinha esse sentido, confundindo-se também com os termos sábio e filósofo. Eles prescrutavam o firmamento e sentiram-se chocados com a presença de um novo astro e, cada um deles, deixando suas terras depois de consultar seus pergaminhos e papiros cheios de palavras mágicas e fórmulas secretas, teve a revelação de que havia nascido o novo Rei de Judá e, que ele, como soberano, deveria, também, prestar seu preito ao menino que seria o monarca de todos os povos, embora o seu Reino não fosse deste mundo

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008


As Aparências Enganam
Elis Regina
Composição: Sérgio Natureza/Tunai

As aparências enganam,
aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões
Os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague
se a combustão os persegue, as labaredas e as brasas são
O alimento, o veneno e o pão, o vinho seco, a recordação
Dos tempos idos de comunhão, sonhos vividos de conviver

As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam na geleira das paixões
Os corações viram gelo e, depois, não há nada que os degele
Se a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o ser
Não há mais forma de se aquecer, não há mais tempo de se esquentar
Não há mais nada pra se fazer, senão chorar sob o cobertor

As aparências enganam, aos que gelam e aos que inflamam
Porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixões
Os corações cortam lenha e, depois, se preparam pra outro inverno
Mas o verão que os unira, ainda, vive e transpira ali
Nos corpos juntos na lareira, na reticente primavera
No insistente perfume de alguma coisa chamada amor.

Aos nossos filhos


JORGE:
Aos Nossos Filhos

Elis Regina

Composição: Ivan Lins/Vitor Martins

Perdoem a cara amarrada,

Perdoem a falta de abraço,

Perdoem a falta de espaço,

Os dias eram assim...

Perdoem por tantos perigos,

Perdoem a falta de abrigo,

Perdoem a falta de amigos,

Os dias eram assim...

Perdoem a falta de folhas,

Perdoem a falta de ar

Perdoem a falta de escolha,

Os dias eram assim...


E quando passarem a limpo,

E quando cortarem os laços,

E quando soltarem os cintos,

Façam a festa por mim...


E quando lavarem a mágoa,

E quando lavarem a alma

E quando lavarem a água,

Lavem os olhos por mim...


Quando brotarem as flores,

Quando crescerem as matas,

Quando colherem os frutos,

Digam o gosto pra mim...

Digam o gosto pra mim...

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

carnaval em salvador

CARNAVAL EM SALVADOR 2008

Impossível esta em Salvador na época de carnaval e não se contagiar, nem que seja por um miléssimo de segundo, pela maior festa de rua do planeta. Diferente das outras cidades brasileiras, o Momo abre suas portas da folia na quinta-feira e só as fecha na Quarta –feira de cinzas, com o arrastão de Carlinhos Brown com o sol alto.

Sai do Rio no dia 28 de Janeiro ( Terça-feira) as 16:00 já com chuva que duraria todo o reinado de momo. Cheguei em Salvador, para minha surpresa o Sol da Bahia estava lá me esperando.
Peguei um Táxi e fui para Itapuan (entregue a Turistas folhetos com as tarifas de Táxi para não ser ludibriados – o rio devevia adotas )
( até hoje nem eu nem a prefeitura de Salvador sabe com se escreve ITAPUÃ,ITAPOÃ,ITAPOAN,ITAPUÁ), só sei que quero passar uma tarde lá, ou melhor o Carnaval.
A noite direto para o Pelourinho, apenas alguns nativos e poucos turistas , passeavam pela ladeira, fui até a Cubana ( melhor sorvete de salvador), tomei meu sorvete de banana, e comecei a caminhada. Voltei para Itapoan. No dia seguinte fui a praia Ai começa a duvida,tantas para escolher, porém optei pela praia do Flamengo( acho que foi por saudades de casa). No dia seguinte fui para o Abaeté.tranguilo ainda, marquei com amigos Soteropolitanos, colocamos os papo em dia, e saber qual seria as boas naquele carvaval. Marcamos pra sair em blocos ir a praia etc...
Passa alguns dias chega a quinta-feira de carnaval. Começa o “ Inferno”
São sete dias contínuos de folia que ocupa mas de 30 quilometros da cidade, sendo 11 deles acontecem os desfiles mas becos, praças e transversais, no centro e nos bairros.“Ah! Imagina só, que loucura essa mistura. Alegria, alegria é o estado, que chamamos Bahia. De todos os santos, encantos e axé. Sagrado e profano, o baiano é: carnaval...”. Hino maior do carnaval da Bahia, a música “Chame gente”, de Morais Moreira, resume com perfeição; não apenas o espírito democrático, as belezas e a alegria incomparável da cidade de Salvador.Dentro dos blocos de trio, na “pipoca” em meio à multidão, ou sobre os recém criados e superluxuosos camarotes, o folião aqui viverá experiências transcendentais, que elevarão a sua adrenalina e contentamento a um limite nunca antes atingido. Nos seis dias de uma festa praticamente ininterrupta, os grandes nomes da musica Bahiana e convidados estarão todos reunidos nos 26km de ruas e avenidas da cidade, à bordo de seus trios e envolvidos por seus blocos, acionando as engrenagens, desta imensa fabrica de sonhos. Melhor ir solteiro, com diz Bell “Ai ai ai ai aiTô solteiro em SalvadorCadê o meu amor?Ai ai ai ai aiEu tô solteiro em Salvador”


OS CLUBES O carnaval dos clubes era uma delícia! Ficávamos dando voltas no salão, ao som de marchinhas animadas, aguardando ansiosos o “Corre Corre Lambretinha” para acelerarmos o passo! Quem não lembra com saudade do Baile do Bola Preta? Mas vou me apegar ao Carnaval de Salvador . Criada por Carlinhos Brown, com o Baile do Bloco Parado e a lembrança da lambretinha, nas memoráveis voltas envolta do / Museu du Ritmo, onde teve um Show com Margareth Menezes, minha Musa da musica Bahiana ( Bethania, não fique com ciúme ,Margareth é amor de carnaval ), e outros. A RUA A Rua também se transformou! A Praça Castro Alves , assim como a maioria dos circuitos, já não é tão do povo assim, este ano apesar de pouco policiamento, a praça parece ter voltado a ser do povo, havia famílias com crianças brincando, o que não se via há tempos atrás( não havia um banheiro químico na praça). A praça foi privatizada para turistas e bacanas, que pagam caro para sair nos blocos. Ao povão, restou neste nosso “Apartheid” camarada, o emprego de cordeiro a R$ 20,00 o dia, catar latas e ficar espremido no passeio. Ë bom que se diga também, que é a única chance do povo ver seus grandes ídolos de graça, pegando carona nos Blocos. O que precisa é ordenar melhor o espaço público. TRANSITO Fiquei surpreso, meu amigo Soteropolitano anda na faixa da esquerda lentamente, quando percebi que a maioria dos Soteropolitanos ( me desculpe os que não fazem ) também fazem isso. Dirigir em Salvador é uma loucura, mas acaba tudo bem estamos na Bahia! ORGANIZAÇÃO O carnaval era uma despretensiosa festa, uma brincadeira entre amigos, de onde surgiram inclusive a maioria dos blocos e agremiações. Hoje, virou negócio de gente grande, um exemplo de profissionalismo, atraiu o interesse de patrocinadores do nosso Sul maravilha e movimenta milhões. Faz parte de uma estratégia que vende nossa pobre Bahia, como terra folclorizada da alegria, terra de berimbaus metalizados, uma espécie de “Ilha da Fantasia”, do seriado da TV. FOLIÃO É de se convir: Como diz o velho ditado, “bahiano não nasce, estréia”. E quando o assunto é Carnaval, a Bahia sai na frente.
O Carnaval por aqui se deu15 de fevereiro, e foi até o dia 20 de fevereiro
Um abadá (disposto a gastar R$ 1.860,00 para sair 3 dias ou menos que isso).
Portanto, se você estiver disposto a se divertir bastante e conhecer muita, MUITA gente bonita, o lugar é aqui.
Trocou sua mortalha por um abadá, onde “mauricinhos” doidos para beijar as “patricinhas”, se misturam a foliões fantasiados, cada vez mais raros. Mérito a Margareth Menezes, que com seu bloco dos “Mascarados” dá uma contribuição incrível à memória do nosso carnaval.
Agora uma constatação! No meio de tantas mudanças, consegui achar alguma coisa que continua igual. É que atrás do Trio Elétrico (que mudou, pois já foi uma Fobica), como diz nosso poeta Caetano, continua só não indo quem já morreu!

Onibus panorâmico ganha as ruas da Bahia
Marta Reis, especial para o Globo Online*
- Que tal conhecer Salvador a bordo de um ônibus a mais de quatro metros de altura? Já está em circulação na capital baiana, o Salvador Bus (veja fotos) , ônibus double deck (dois andares) com vista panorâmica e equipamentos de tecnologia de ponta. O Salvador Bus oferece um passeio guiado por cinco tours integrados pela cidade. Seis ônibus de 4,4 metros de altura e capacidade para 67 pessoas vão se alternar por quatro rotas durante o dia e uma quinta que será noturna, ao custo único de R$ 30
O Salvador Bus é tão imponente que por onde passa chama atenção da população que acompanha com olhares curiosos a passagem veículo. Alguns batem palmas e se mostram entusiasmados com a novidade.

- Toda estrutura nova trazida para Salvador também deve beneficiar o povo e acho que o ônibus fará isso, pois traz mais turistas, gera emprego e renda para a cidade.
Para quem opta viajar no segundo andar do ônibus, a vista é realmente privilegiada e conquista não só quem visita Salvador pela primeira vez, mas quem já esteve na cidade outras vezes e busca um diferencial na hora de retornar aos pontos turísticos. Mas é importante se proteger bem contra o sol com chapéus e filtro solar, pois a exposição é constante. Os produtos podem ser comprados no próprio ônibus.

Ao comprar o bilhete diário, o passageiro recebe uma pulseira de identificação que lhe garante o direito de subir e descer dos ônibus em qualquer parada e migrar para outras rotas. Ao desembarcar, o turista poderá permanecer em solo o tempo que desejar, lembrando que os intervalos entre a circulação de um veículo e outro serão de aproximadamente uma hora e existem alguns pontos de integração entre os percursos.
As quatro rotas diurnas são: Salvador Praias, Orixás da Bahia, Histórico e Salvador Panorâmico. A Salvador byNight será o único trajeto feito durante a noite e irá percorrer as cidades alta e baixa, mostrando o con-traste das luzes que embelezam a capital.

Ônibus dispõem de tradutor multilingual e antena GPS
O Salvador Bus está equipado com sistema de sonorizacao e tradução seqüencial em quatro idiomas - português, inglês, espanhol e frânces - ambiente climatizado no piso inferior e andar superior panorâmico, com capota móvel em caso de chuva, além de acesso e acomodação especial para cadeirantes. Um guia bilíngüe acompanhará todo o trajeto para tirar dúvidas e facilitar o embarque dos passageiros.
O veículo também dispõe de uma antena GPS que informa via satélite em que ponto da cidade o ônibus está passando, acionando o sistema de som com as informações sobre os monumentos, praças, igrejas e demais atrações turísticas. Os carros ainda usam combustível ambientalmente correto, o biodisel, e são rastreados com câmeras para segurança dos pas-sageiros.

ITAPOAN
Localizada no tradicional bairro do mesmo nome, que em Tupi significa, para alguns, “ponta de pedra” e, para outros “pedra que ronca” ou Pedra Furada, é com certeza a praia mais famosa de Salvador. Tem este nome por lá existir uma pedra que, antes de se partir roncava na maré vazante. Era considerada como a praia dos jangadeiros valentes e das areias brancas, admirada pelo mundo inteiro. Antigamente, existia uma pequena vila de pescadores que exploravam a pesca da baleia para fazerem a refinação do óleo, o qual era utilizado na iluminação pública. A parte mais antiga da praia de Itapuã é a que beira o calçadão, onde se encontra a estátua da Sereia de Itapuã. Protegida por arrecifes, a tranqüilidade de suas águas verdes com ondas fracas e a formação de piscinas naturais, a grande quantidade de coqueiros , cujas folhas dançam caprichosamente agitadas pela fresca brisa marinha, a existência de uma colônia de pescadores locais e suas jangadas, fazem deste local um cenário inspirador e agradável e um local para desfrutar-se de deliciosos banhos de mar. O folclore em Itapuã é muito rico e dele se tem aproveitado os poetas e músicos. Cantada em verso e prosa por músicos e poetas, imortalizada por Dorival Caymmi e magistralmente cantada por Vinicius de Moraes, é um convite irresistível para se passar uma inesquecível tarde.

Neste bairro encontramos confortáveis parques, como o Parque Metropolitano do Abaeté, inaugurado em 03 de setembro de 1993, situado dentro de uma área de Proteção Ambiental, com cerca de 12 mil metros quadrados, e onde se encontra a mais famosa lagoa de águas escuras da cidade a Lagoa do Abaeté com suas dunas de areias brancas e uma vegetação extremamente rica, formada por espécies predominantemente nativas, de porte variável, desempenhando um importante papel para manutenção da fauna. Entre as espécies mais notáveis, destacam-se várias orquídeas, que se encontram em número significativo na área. Além delas, são encontrados tipos de vegetação dispostos nas mais diversas composições paisagísticas naturais, árvores frutíferas como goiabeiras, cajueiros dentre outras. De origem indígena Lagoa de Abaeté significa “lagoa tenebrosa” por ter suas águas escuras e Abaeté significa “ homem por excelência”. Lagoa de mistérios e encantos, muitas lendas surgiram em torno das águas escuras dessa massa de água doce cercada pelas alvíssimas areias de imensas dunas. A antiga Lagoa de Itapuã, escondida em meio a belezas naturais, era reverenciada como sagrada, pelos adeptos do candomblé.
Visitada por poucos turistas, todos temiam o banho em suas águas que, segundo se dizia, "engoliam" em misteriosos rodamoinhos, cujos pontos eram do conhecimento de poucos. Eventuais mortes por afogamento apenas aumentavam essa aura de mistério.
O fato é que, por sua água doce, sustentada por nascentes que surgem no meio das dunas - e não pelo represamento da chuva, como um dia se acreditou - o Abaeté era usado por lavadeiras que, em suas margens, ajudaram a manter vivas muitas das tradições ancestrais que enriquecem a cultura de Salvador.
No final dos anos 70, com a melhoria do acesso ao norte, a construção do Aeroporto Internacional 2 de Julho (hoje homenageando um ex-deputado), diversos loteamentos foram sendo instalados em suas imediações, o próprio bairro de Itapuã cresceu - além de centenas de ocupações irregulares - provocaram verdadeira devastação nas dunas, com a retirada de suas areias para a construção civil de forma clandestina e descontrolada.
Para conter a ação predatória do local, e preservar as belezas naturais da Lagoa, foi criada a APA.
No passado, a Lagoa do Abaeté era conhecida como Lagoa de Itapuã. Abaeté era considerado “um lugar de respeito” pelas antigas lavadeiras. Segundo as lendas, o Abaeté é cenário de diversas manifestações de cultos afro-baianos, que utilizam o local para depositar oferendas a Oxum, o orixá da água doce. Nas margens da lagoa é possível ouvir sons de batuques misteriosos sem que se identifique sua origem. O lugar é povoado até hoje por enormes serpentes, espíritos encantados, mães d´água, que transformaram a lagoa em lugar encantado. Ao contrário do que muita gente pensa, a lagoa escura que cora o parque não são lagoas resultantes do acúmulo de água das depressões entre as dunas, e sim do represamento de antigos rios que corriam na região. Todas elas contam com uma ou mais nascentes, herança desses rios. As águas da Lagoa de Abaeté possuem diferentes níveis de temperatura, que não se misturam.O atual Parque Metropolitano do Abaeté, eterno cartão postal, com várias opções turísticas como restaurantes, barracas com água de coco, acarajé e doces típicos é agora um dos maiores centros de lazer e turismo ambiental do Nordeste, ponto de referência para os baianos e escala obrigatória para os visitantes que voltam a se encantar com a magia desta lagoa. Deve ser visitada ao pôr do sol ou em noite de lua cheia. Na parte urbanizada conta-se com o Núcleo Central, onde estão localizados o Centro de Atividades, a Casa das Lavadeiras e a Casa da Música da Bahia, cujo acervo permite acompanhar a história da música baiana desde os tempos em que Dodô e Osmar inventaram o trio elétrico.Na praia de Itapuã, funciona também o Projeto Tamar Salvador, que tem como missão proteger as tartarugas marinhas, as quais utilizam a praia como local de desova. Tudo é admirável.É celebrada neste bairro a tradicional Festa de Itapuã (lavagem da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Itapuã). Manifestação religiosa do candomblé, onde Nossa Senhora da Conceição é sincretizada como Iemanjá, com as baianas, os pescadores e o povo participando da missa, procissão e da lavagem da escadaria da igreja com água perfumada.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

´Peróla aos hicócritas


Pérola aos hipócritas - texto Jean wyllis

Pérola aos hipócritas! O Fantástico anunciou com estardalhaço justificável: “Duas professoras de Campo Grande foram afastadas da escola pública onde trabalhavam porque se apaixonaram. Uma pela outra. Uma decisão polêmica e que, para muitos, tem nome: discriminação”. A matéria exibida ontem, dia 18 de novembro, não me causou espanto nem me chocou. Embora eu esteja, hoje, relativamente “blindado” da discriminação por causa da condição de “celebridade” e por ser considerado, antes, um homem inteligente e articulado, já fui discriminado e ofendido por conta de minha orientação sexual. E tenho vários amigos que também já o foram também. Mais: por ser um intelectual que sempre esteve próximo dos militantes, ouvi, destes, inúmeros casos de homossexuais que perderam empregos ou não foram admitidos em empresas e escolas por causa da orientação sexual. Portanto, nada de novo há no rugir das tempestades.Contudo, a matéria do Fantástico – e este é o papel de um jornalismo comprometido com a ampliação da cidadania – serviu para mostrar, aos brasileiros ingênuos ou crédulos ou alienados ou hipócritas, independentemente da orientação sexual, que, apesar do sucesso das Paradas do Orgulho Gay, a homofobia e os velhos preconceitos em relação aos homossexuais ainda vigoram no Brasil. Nós, homossexuais conscientes ou atentos ou bem-informados ou engajados, já sabíamos disso e, por isso, defendemos a existência de uma lei que torne crime a discriminação por orientação sexual. A falsa cordialidade e a caridade dos que nos detestam nunca nos convenceram!É certo que, hoje, a gente vive melhor do que nossos antecessores viviam há vinte anos: algumas liberdades civis foram conquistadas “na marra” pelos gays, travestis e lésbicas militantes - essa gente que dá a cara a tapa. Mas, apesar deste pequeno avanço, a homofobia permanece entranhada no caráter da maioria dos brasileiros (incluindo, aí, muitos homossexuais); escondida, porque covarde; porém, vigilante como uma ave agourenta, sequiosa da morte de sua presa. A declaração do prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho, acerca do episódio é a materialização dessa homofobia a que me refiro e que se esconde na alma como um câncer se esconde no corpo antes de devorá-lo em metástase: “O que eu não concordei e jamais vou concordar é que uma situação como essa venha a ocorrer dentro da escola. Isso é inadmissível porque a escola é feita para ensinar e para aprender”. Esta declaração está em total acordo com a atitude da diretora da escola onde trabalhavam as duas professoras que se apaixonaram e com a decisão do corpo docente em demiti-las.Ora, se “a escola é feita para ensinar e aprender”, por que os alunos não podem aprender que existem homossexuais na vida? Por que devem crescer ignorantes da existência de homossexuais? Para discriminá-los no futuro quando descobrirem que os homossexuais são milhões e estão em toda parte? Sim, pois essa tentativa de condenar os homossexuais à invisibilidade ou à morte simbólica só serve para perpetuar os velhos preconceitos em relação a gays, lésbicas e travestis.Será que a diretora, o corpo docente e o prefeito de Campo Grande imaginam que o fato de um professor ser homossexual assumido vai influenciar o aluno a praticar a homossexualidade ou a assumir a identidade gay? Se sim, quero informá-los de que o fato de eu ter tido apenas professores heterossexuais ao longo de minha vida escolar não me influenciou a ser heterossexual nem me impediu de me tornar gay.Ora, o prefeito de Campo Grande não pode se esquecer de que a grande maioria dos homossexuais nasceu de pais heterossexuais e, com estes, conviveu boa parte de sua vida – o que não a impediu de se orientar para a homossexualidade. Se o prefeito fosse inteligente e pensasse um pouco não daria tais declarações; preocupar-se-ia, antes, em reciclar os professores da rede municipal de ensino de modo que eles abandonassem seus velhos preconceitos– frutos da ignorância e da desinformação – em relação à homossexualidade e, assim, deixassem de apodrecer as cabeças de seus alunos.Mas, o que mais me chocou na declaração de Nelson Trad Filho foi sua insistência em negar que fora preconceituoso e homofóbico em relação às duas professoras demitidas porque lésbicas: “Não houve, não vai haver nenhuma atitude ou ação discriminatória, tampouco preconceituosa em relação a esses fatos”. Esta é a postura da maioria: as pessoas praticam a discriminação, mas, não querem assumir o ônus de suas ações; não querem levar a pecha de preconceituosos porque “pega mal” diante do politicamente correto.Não há racismo no Brasil porque, aqui, os racistas não se assumem como tais nem dão conotação racista a suas práticas discriminatórias. Da mesma maneira, não há homofobia porque os homofóbicos estão sempre buscando justificativas ou inventando razões para suas práticas fascistas. Fingem tolerância e cordialidade em relação a negros e homossexuais e distribuem discursos demagógicos e cínicos em jornais e tevê, mas, por dentro, têm as almas consumidas por racismo e homofobia em metástase: a postura do prefeito de Campo Grande se parece com a dos intelectuais e formadores de opinião que, em artigos publicados na Folha de São Paulo e n’O Globo, têm se posicionado contra o projeto de lei que torna crime a discriminação por orientação sexual. Fariseus hipócritas! Mas eu tratarei do assunto e darei nome aos bois – que me perdoem os bois - no o próximo texto. Texto de Jeans willis